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Porque não uso o Strava.

Se não estiver no Strava, não aconteceu. E foi depois de ouvir esta frase da boca de ciclistas que realmente acreditam nela que eu decidi parar de usar o Strava.

Entenda, eu acredito que o Strava é uma ótima ferramenta para você organizar seus treinos e percursos, avaliar seu progresso, volumes semanais e arquivar pedais épicos que fez. Mas há outras ferramentas para fazer isso e elas são melhores para nós porque estão livres dos terríveis segmentos e seus KOMs.

se não esta no Strava não aconteceu

Entenda, eu acho legal você ter alguns percursos divididos em seguimentos que você pode percorrer e avaliar se está melhorando, subindo melhor ou esgueirando mais rápido por curvas nas suas descidas preferidas. Mas quando você deixa de se deliciar com o vento no rosto, admirar e temer as nuvens de tempestade no horizonte ou se encantar com o verde das arrozeiras em contraste com o dourado do por do sol, para simplesmente competir por seguimentos, então eles estão indo contra o mais básico de ir lá pra fora sobre duas rodas. Está trocando o prazer em estar lá pelo prazer em aparecer no topo de uma lista na tela do celular.

Entenda, eu não ligo se você gosta disso, mas não quero fazer parte de um grupo que goste mais disso do que de mim, do amigo de pedal ou da montanha. Então eu não quero fazer parte de um grupo de pessoas que pedalam por topos em listas. Não faço provas de mountain bike para isso e não registro meus treinos para isso.

Entenda, se não está no Strava, aconteceu! Aconteceu e não está gravado em silício, mas na minhas memórias, nas minhas longas horas de contemplação. Está gravado no meu corpo mais forte e nos meus próximos anos mais saudáveis. Está gravado nas novas amizades e na força delas que aumenta á cada subida de sofrência junto de amigos que fizemos em todas aquelas pedaladas que não estavam no Strava.

Não precisa estar no Strava para acontecer.

Uma outra história Strava

Este texto é de alguns tempo atrás, de quando eu comecei a registrar os pedais no Strava, mas a curta história que conto agora me fez tirar do rascunho e publicar.

Eu precisava medir 2 percursos para uma proposta de evento aqui na nossa região, não é evento meu e eu só estava fazendo um favor. No primeiro dia eu liguei 3 aparelhinhos de GPS e saí pedalando pelo primeiro percurso. Ao voltar pra casa, subi a tracklog para o Strava, exportei o GPX e guardei.

No dia seguinte estava chovendo e eu decidi fazer o outro percurso de carro, barro e morros pela frente. A média foi de 23km/h. Haja paciência, mas o objetivo era ter dados compatíveis com uma pedalada. Mas eu acabei subindo os morros mais rápido do que se estivesse pedalando. Mas não era intencional, apenas era assim porque eu estava de carro.

Ao chegar em casa, subi a tracklog, exportei o GPX e assim que fui tornar a pedalada privada, afinal não era justo deixá-la em aberto pois eu fiz de carro, fiquei surpreso porque ela já havia sido sinalizada pelos donos dos KOMs que eu obviamente, de forma sub-reptícia, surrupiei. Mas não deram tempo para nada, simplesmente sinalizaram. De verdade, senti isso mesquinho. A mesquinhes de quem compete nos curtos trechos de poucos metros de um segmento.

O Verdadeiro Rei da Montanha

Algumas provas de corrida de montanha (trail running) premiam o Rei da Montanha. É simples, mas vou citar apenas uma delas como exemplo. Funciona mais ou menos assim, você vai correr 100km, a maior parte em trilhas single-track e outros trechos em e alguns estradões de terra. Nesse percurso vai subir 2 montanhas, uma de 1650m e outra de 1760m, o Araçatuba.

O prêmio de Rei da montanha vai para o corredor que subir o Araçatuba mais rápido, de um ponto estabelecido na sua base até outro ponto estabelecido em seu cume. É como um seguimento do Strava.

Mas a grande sacada dessa regra é que este atleta só leva o título se concluir a prova entre os 7 primeiros colocados. Ou seja, ele precisa correr forte durante todos os 100km e ainda ser o mais rápido na pior subida de todas. Isso é justo!

É diferente de você sair para pedalar 30km bem de boas, mas dar uma taquarada naquele 1km de subida de um seguimento para conseguir o titulo de Rei da Montanha (KOM).

Então qual a solução?

Ela não é complicada, acredite. E uma pessoa com conhecimentos matemáticos apenas um pouco melhores que os meus poderia definir uma fórmula básica que calculasse a razão (?) entre a sua velocidade no seguimento x a velocidade média da pedalada e a altimetria acumulada.

Obviamente que os algorítimos seriam mais refinados que isso, mas seria fácil dizer de uma forma justa: Meu chapa, pedale forte o tempo todo e faça aquele seguimento o mais forte que puder, então veremos se merece mesmo ser Rei da Montanha.

Fica a dica para o pessoal da Strava.

JosaJr

Um sujeito que mede o seu próprio sucesso pelo que inspira outras pessoas a fazerem de bom pelas suas vidas. Um eterno sonhador, corredor, artesão, cozinheiro, fly fisherman, criador do Endorfine-se, portal multi esportivo para quem corre ou pedala na rua e na montanha. Um belo dia resolveu levar uma vida mais saudável e perdeu 28kg em 5 meses e agora quer dividir com todo o mundo o que aprendeu e ainda vai aprender \o/

4 comentários sobre “Porque não uso o Strava.

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