Circuito das Araucárias de Bikepacking, pedalando e acampando
Imagina fazer o Circuito das Araucárias no estilo Bikepacking, pedalando e acampando pelas estradas e trilhas da região de São Bento do Sul, Corupá, Rio Negrinho e Campo Alegre. É isso que fizemos.
A expectativa por uma semana de tempo firme e temperatura amena parece ter contribuído para que a minha garganta inflamasse, mas não seria isso que me faria perder a semana incrível que a meteorologia previa nos dias entre 29/set e 6/out de 2019, ano em que completei meus 49 anos.
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A ideia de fazer o Circuito das Araucárias sozinho veio da necessidade de a Bianca trabalhar para pagar os boletos enquanto alimentamos o sonho de manter o Endorfine-se ativo.
Fazer no estilo bikepacking, acampando, levando mais o peso da barraca, isolante térmico, saco de dormir e cozinha – ao invés de simplesmente se hospedar nas incríveis pousadas pelo caminho – veio da necessidade de economizar para viabilizar a aventura.
Então os quilômetros percorridos com uma bike pesando em torno de 25kg tiveram um sabor de superação muito maior do que o cicloturismo que a maioria está acostumada quando viaja para percorrer os circuitos pelo Brasil, fazendo uso das pousadas e muitas vezes até mesmo de carros de apoio.
Cicloturismo de Aventura
Nunca me defini como corredor, atleta, biker, cicloturista ou outros rótulos que teimam em pregar em mim. Sempre os rejeitei. Eu e a Bianca fazemos coisas outdoor, seja a pé ou de bicicleta. Só isso. Muitas vezes saímos da zona de conforto, sem saber ao certo como vamos terminar nosso dia. Isso é a aventura, ou o cicloturismo de aventura. Nas mídias sociais, por uma questão de engajamento, chamamos de uma coisa ou outra, como bikepacking, por exemplo. Mas isso é uma necessidade mais comercial do que ideológica ou comportamental nossa.
Gostamos de nos aventurar de bicicleta, apontar o pneu rudo ao desconhecido e ir, sem saber como vai ser, na certeza de que teremos de improvisar e reinventar e adaptar para terminar o dia sem sabermos exatamente como. E sair assim da zona de conforto mantendo uma vibe positiva é o desafio. Aí está a aventura.
O Circuito das Araucárias
As minhas impressões sobre os 5 dias percorrendo o circuito foram excelentes. Com exceção de um único ponto em que a rota está mal sinalizada e não bate com a tracklog nos arguivos GPX fornecidos no site do circuito, ele é bem sinalizado.
Não há dúvidas de que os trechos de 1 á 5 são os mais belos para quem , assim como eu, adora montanhas, mata atlântica, rios com corredeiras de pedra, pontes, pontes de ferro, trens e descida.
Os outros 3 trechos são muito bonitos, uma paisagem mista de vastos campos de lindas plantações rasteiras, florestamentos. Muitos bosques de araucárias entremeados com outras árvores menores que são incríveis. E lindas propriedades rurais que tiram o folego até de moradores do Vale Europeu, como eu.
Trecho 6 – Pousada Casa Antiga a Pousada Ponte de Pedra
Comecei o Circuito pelo Trecho 6, mais precisamente na Pousada Casa Antiga, porque era o local mais próximo da vila chamada Postinho, no Paraná. De lá esperávamos partir para o Marco da Divisa, ou Marco do Contestado, no alto do Quiriri.
Nesse dia, além dos 45km do Trecho (são 41km, mas quem filma pedala mais, rs), eu percorri 35km do centro de São Bento do Sul até a Pousada Casa Antiga antes de iniciar. O total do dia foi de quase 79km com quase 1800m de elevação acumulada.
Trecho 7 – Pousada Ponte de Pedra a Rio Negrinho
Percorri o trecho 7 e uma parte do Trecho 8. Parece que foi fácil? Pode não ter sido, mas foi divertido. Se no meu primeiro dia eu ainda estava confuso e desajeitado com equipamentos e rotina de acampar e desacampar, não melhorei muito isso no segundo dia, rs. E o sol estava por se por sem eu saber exatamente onde dormiria. Não disse que foi divertido?
Percorri pouco mais de 53km e subi 1008m, cansou.
Trecho 8 – Rio Negrinho a São Bento do Sul
Se começar o Circuito no trecho 1 saindo de São Bento do Sul, termina no 8, voltando para o ponto de partida em São Bento do Sul. Mas lembre-se que eu comecei no trecho 6 e devo finalizar nele.
No trecho 7 eu não parei em Rio Negrinho. Pedalei por mais uns 10km até chegar na Capela São Pedro onde pernoitei. Para o dia seguinte eu teria por volta de 50km.
Atenção para a minha Errata
No vídeo você me vê meio perdido. Mas depois, conversando com a galera do circuito, entendemos que eu, ao invés de permanecer no trecho 8, segui e entrei no que eles chamam de desvio de apoio. E por isso eu percebia alguma sinalização, mas não a ótima sinalização que estava acostumado até então. Com isso eu aumentei meu percurso em mais de 8km nesse dia. Confira o vídeo.
Trecho 1 – São Bento do Sul a Rota das Cachoeiras
Gostam de dizer que esse trecho é só descida. De fato, se desce bastante. Mas ele tem mais de 900m de subida também. São 2 longas descidas intercaladas por uma subida que te assusta no 1km mas que suaviza nos próximos 5km.
O trecho é diversão imersa na mata atlântica. Pontes, rios, vales, igrejas e se der sorte, um trem serpenteando a serra fazem parte da paisagem que te acompanha depois de alguns kms de pastagens no início. Confira
Trechos 2 e 3 – Rota das Cachoeiras a Corupá e de lá para o Parque das Aves
Bastante comercial, na minha opinião.O Trecho 2 poderia tranquilamente fazer parte do trecho 1. Somaria pouco mais de 52km sendo a maioria em descida. Mas o Circuito das Araucárias quer te vender um passeio na Rota das Cachoeiras. Não condeno, ela é bonita e vale a pena, se você é louco por cachoeiras, rs. Eu geralmente passo batido.
A chegada em Corupá é tranquila e vale a pena conhecer o Seminário Sagrado Coração de Jesus. Dele até o final do trecho no centro é um pulinho.
O Trecho 3, de Corupá até o Parque das Aves pode tranquilamente ser feita no mesmo dia e você se adianta para subida da serra no dia seguinte.
Trechos 4 e 5 – Parque das Aves a Pousada Casa Antiga
E então voltamos para o ponto de partida. Saindo do parque Natural das Aves temos um curto trecho plano, ou semi-plano e logo encontramos a placa que indica o início da subida da serra, e dá-lhe subida. Como sempre, o início dela é mais difícil, mas com uma bike sem carga se consegue pedalar. Com a bike carregada e pesada, fica mais difícil. A subida é bela, se o tempo abrir se tem uma vista muito bonita do Morro da Igreja. A paisagem vai mudando e você passa por outra imersão de mata atlântica.
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